quarta-feira, 24 de novembro de 2010

«A barricada fecha a rua mas abre o caminho» – workshop


,A barricada fecha a rua mas abre o caminho, José Nuno Lamas e Valter Ventura (orientação), Bertílio Martins, Daniel Novais, Ilda Silvério, João Pedro Lomelino, Júlio Assis Ribeiro, Miguel Proença, Miguel Simões, Paula Ferro e Vasco Célio. (Imagem de 2011).
Tem início amanhã na Casa das Artes o workshop orientado pela dupla de fotógrafos José Nuno Lamas e Valter Ventura no âmbito do centenário da República, onde a "barricada" serve de conceito orientador e de objecto de trabalho.

No âmbito do workshop terá lugar a conferência "A fotografia como limite" de Nuno Faria, curador e professor de Artes Visuais na Universidade do Algarve; no dia 27 pelas 21:30.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CAT 2010 - Programa

 •  A «Casa habitada» — João Hogan , Jorge Vieira , Catarina Baleiras , Vespeira , José Augusto , René Bertholo , José Lamas , Luís Ralha , Rogério Ribeiro , Roberto Barbosa , Miguel D’Alte , Bartolomeu dos Santos , João Vieira e Carlos Afonso Dias , Curadoria de Manuel Augusto Araújo
 •  «Metamorfose da Habitabilidade» — Margarida Santos, desenho, Miguel Andrade, fotografia, Patrícia Gonçalves, fotografia e instalação, Curadoria de Paula Ferro

 •  «25 anos de Re-Inícios – Contrastes, Pontes e Uniões» — Carolina Quirino, pintura, Curadoria de Ilídio Salteiro e co-produção da Associação Arte Contempo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Além da razão – Carolina Quirino

Vermelho ou preto servem de fundo, de “zero”, para estas pinturas de Carolina Quirino. A partir deste “zero”, também de Malevich, negador da ordem perspéctica, a jovem pintora vai depositando vestígios da exteriorização de uma dialéctica entre continuidade e interrupções, entre presença e ausência. A ordem em si não aparece como um a priori, mas o resultado deste processo dialéctico em cada tela aponta precisamente na direcção de uma ordem simultaneamente continua – as formas orgânicas emergentes das pinceladas - e binária – a factura cromática através de duas cores ( preto e /ou vermelho e/ou branco).

Se a dialéctica é um dos processos da razão, a “tri-aléctica” do conjunto cromático empregue nestas pinturas leva-nos justamente a contemplar uma hipótese além da razão binária, novamente tocando Malevich por este lado, e imergindo no automatismo psíquico surrealista por outro. E é justamente no sentido de uma procura simultaneamente interior — as formas orgânicas – e exterior – a cor binária –  para onde vai este trabalho.

mais info: CAT

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Metamorfoses da Habitabilidade" III

Como via de acesso ao trabalho de Margarida Santos proponho o material da sua construção. O carvão. A identificação de um enorme casulo numa das suas obras levou a esta via, da matéria orgânica, sedimentada e transformada por milénios em, precisamente, matéria de factura.

As formas que Margarida constrói implicam toda uma tectónica que o pensamento acerca do carvão revela. Um processo de interioridade, onde as coisas entram, são transformadas, interiorizadas, e explodidas para a superfície do papel que as suporta.

E a ligação que estas obras, a sua escala, estabelecem com o observador é também instintiva e directa, esmagadoramente animal, além da razão de uma lógica dicotómica. E aqui contactamos o território de Bataille, naquela vertente que a curadora da exposição enuncia no seu texto.

Passado este embate inicial começa-se a perceber a combinação entre gestos inicialmente soltos e intensos e outros, posteriores, mais controlados  e delicados que vão consolidar nos desenhos a força inquietante que nos é transmitida.

"Metamorfoses da Habitabilidade" II

No trabalho de Patrícia Gonçalves somos levados às bases da luz e da fotografia. Dos fundos negros, informes, saem raios de luz e cor. Estabelecemos formas orgânicas tornadas voláteis pelas novas formas que emergem; uma dialéctica entre o assassinato e o renascer da forma, da transparência, da cor, da luz, e finalmente do significado.
Mas desta exploração do efémero a autora indica-nos um resultado muito concreto: a  excrescência material que sai da obra - uma bola de cristal - que pela sua própria natureza e forma metamorfoseia e rende efémeras a luz incidente e a própria indicação precisa de materialidade.

A presença de uma moldura branca vazia lança-nos noutro sentido sobre a natureza fragmentária da imagem fotográfica, e lembra-nos um dos significados da moldura: fragmentar o mundo em geral em pedaços inteligíveis. Patrícia propõem assim a base de um pensamento que depura, que fragmenta, que rende abstracto, que re-combina, para chegar a uma nova ideia concreta que confirma a sua própria instabilidade de referência.

Lembra uma máquina de Babbage, concreta, complexa, relacional, mas neste caso os resultados da operação computacional são des-ligados e libertos das suas variáveis iniciais.

«Metamorfose da Habitabilidade» I

Começo pelo trabalho que mais clara ligação estabelece com Tavira. Miguel Andrade fotografou Tavira, incluindo das tomadas de vista icónicas bem conhecidas para depois abordar outras de âmbito mais pessoal. Constituindo a quarta geração de uma família de fotógrafos dá continuidade à documentação deste local, alimentando o seu trabalho do rigor dessa tradição. Mas a essa continuidade acrescenta a sua visão crítica que nos alimenta o pensamento. Em primeiro lugar as imagens são apresentadas num suporte de tela que pode, numa primeira análise, ser visto como uma ligação às tradições da pintura, ligação sempre problemática do ponto de vista das histórias dos dois suportes. Propomos outra vontade que se afasta desta problemática disciplinar. 

A fotografia pela sua natureza fragmenta, descontextualiza, retira do tempo pedaços e isola-os. Mas Miguel não é turista em Tavira, é um seu habitante desde que existe, e esta fragmentação não e o seu objectivo final. Da pintura o que ele vai buscar é a ideia da construção do “quadro” como todo dialéctico e narrativo. Nestas imagens encontram-se elementos dessa narrativa, o rio, a ponte, o deposito de água, ás árvores ribeirinhas, a torre do relógio, entre muitos outros. E quando nos aproximamos, outras camadas de elementos reconhecíveis se vão revelando, confirmando a capacidade da fotografia de aumentar a capacidade do olho humano.

Mas a hipótese de narrativa não fica por aqui, como em qualquer grande quadro. Miguel parece metamorfosear os termos de referência da imagem fotográfica em que o branco - incluindo o da cal - é substituído pelo preto informe que domina as imagens.

E dentro desta inversão dos termos de referência da fotografia somos levados a procurar  algo que nos permita regressar ao conhecido. E aqui começam a emergir os contornos das formas fotografadas, reveladas justamente pela anulação do poderoso branco da cal. E daqui nasce uma renovada visão de Tavira, das suas formas geométricas tectónicas. E se isto não bastasse, no meio do negro profundo encontramos pontuações de cores primárias, que nos impelem a procurar novos caminhos de narrativa e significado.

Uma Tavira nova que emerge da obscuridade do negro profundo, fragmentada pela fotografia e re-unida - um quadro - no painel que é esta obra.

Artistas locais - para que ?

Um artista ao viver e trabalhar num local constrói aí raízes; a sua produção parte e é desenvolvida com o conhecimento do local, com as preocupações e as aspirações dessa comunidade. O trabalho poderá ou não manifestar esses a prioris mas quando o faz estabelece uma ligação tectónica - invisível e poderosa - com a comunidade local.

Acarinhar e apoiar tal trabalho deve ser uma prioridade das comunidades locais, especialmente em face às agudas crises de valores que se fazem sentir na actualidade. Apoiar e participar na produção artística local é apoiar a exteriorização e a clarificação das problemáticas reais e existentes no local. E assim se constituem os sintomas da arte - a reacção do público - que devem contribuir para novas problemáticas e resoluções, num processo dialéctico.

Como redundância final proponho que só podemos formular soluções para sintomas perceptíveis. As problemáticas invisíveis passam por isso mesmo despercebidas do público em geral e vão-se juntando num efeito bola de neve que quando reaparecem impõem-se pela sua dimensão esmagadora.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Allgarve mexe, também connosco

Temos como ideia clara que o apoio às artes no Algarve tem-se vindo a concentrar e a ser distribuído através desta iniciativa. A ideia por trás desta mensagem é lançar um debate que permita agrupar ideias críticas e construtivas acerca do êxito ou não da iniciativa e do seu impacto local. O meu comentário começa pelo nome, que mais faz lembrar um forró do que outra coisa. Porque este rótulo? Ou seria a ideia espantar a produção artística local para abrir caminho à produção do resto do país que pouco ou nada ligam à questão do rótulo – não lhes toca – mas sim às condições existentes para produzir e mostrar trabalho?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Imprensa comenta "A Casa Habitada"....

Acerca da exposição A Casa Habitada veja-se
de Filipe Antunes do Barlavento Online (Cultura);
Casa das Artes de Tavira: 14 nomes, 60 obras, uma casa, e
Casa das Artes de Tavira - 25 anos de artes plásticas,

da Redacção do Região Sul;
A Casa das Artes de Tavira - 25 anos de artes plásticas, e

a Câmara Clara (2010.08.03).

A exposição estará patente até 11 de Setembro, de acordo com o horário, consultável no site.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

25 anos não são nada

25 anos da Casa das Artes de Tavira cintilando nas estrelas plantadas no azul prússia das noites de Tavira. 25 anos vividos no fascínio pelo rectângulo de luz que se inscreve no asfalto da Rua João Vaz Corte-Real, luz que se abriu em 15 de Julho de 1985 (?) para não mais se apagar ao som de uma música de fundo, sabe-se lá porquê ou sabendo-se bem porquê, na voz de Gardel, antes de andar a ser polida para aterrar em Hollywood onde trágica, mas felizmente para os amantes da música, nunca chegou pelo que atravessa em todo o seu esplendor o silêncio das noites de Tavira “(…) volver... con la frente marchita / las neves del tiempo plantearon mi sien / sentir... que es un soplo de vida / que veinte anos no es nada (…) y el mundo yira” ano sobre ano até somar os 25 anos que são nada e que mudaram muita coisa, tanta coisa ao compasso de um grupo de extravagários que caminhava sobre as águas do rio Sécqua uma marcha, que continua ainda hoje e que vai continuar amanhã, sempre com o imenso gozo de atravessar aquele rectângulo de luz com determinação de sísifo, transportando objectos que iam fixar nas paredes, sentar nos plintos, provocando o olhar e a cabeça de quem visitava aquele espaço onde o binómio de Newton era tão belo como a Venús de Milo – óóóó – engenheiro Álvaro de Campos que há 25 anos estava à nossa espera eu vos saúdo, eu vos saúdo, eu vos saúdo! Eh LaHo-lahá-á-á-á!
Há que entrar no labirinto das folhas da memória, onde tudo se escreve e tudo se perde, para ser possível viver o que se transformou e transforma dentro e fora da Casa das Artes de Tavira na loucura ardente que corria por dentro da árvore que crescia raízes imateriais e indestrutíveis naquele espaço, que ia ganhando espaços e ideias para sustentar o voo planado dentro do anticiclone, reduto defensivo em que se abrigava para contra-atacar o vento forte da normalização que já então se fazia sentir molinhado por essa casta emergente e suspeita de curadores, comissários, fazedores de conteúdos, marchantes, produtores de conceitos e outros bichos móis, baixo clero a saltar das costuras das artes e das letras, arautos da era do vazio, movendo-se à velocidade dos glutões de um jogo virtual, tentando submeter artistas, amantes e conhecedores das artes e das letras às rodas das engrenagens da pós-modernidade. Ao avanço desse deserto, a Casa das Artes de Tavira, refugiada dentro das paredes do anticiclone, resistia com a chama dos desatinos iniciais bem viva, sustentada pelas mãos visíveis e invisíveis do Zé Delgado, debaixo do olhar cintilante do Henrique, atento ao vai e vem das obras de arte e seus visitantes. A Casa das Artes que progredia riscando mapas de uma nova geografia onde Tavira se juntava a Londres e Sintra, para ser o terceiro vértice da vida do Bartolomeu, o vértice onde trabalhava e implantava a placa giratória do ir e vir de artistas das sete partidas do mundo. Tudo construído com o trabalho voluntário de muitos e de tantos jovens, a entrar e a sair da adolescência, que abandonavam sem remorso o sol na areia da praia para se entregarem a todo o tipo de trabalho que garantia a batida do coração da Casa das Artes de Tavira. Eles penduravam quadros, lavavam o chão e a louça, faziam filmes, escreviam precários, vendiam álcoois e não álcoois, espalhavam alegria, provocavam os artistas, acendiam a luz, dialogavam com todos, fechavam a luz, faziam o que era e o que não era preciso, desenhavam, tocavam música, aprendiam e ensinavam. No dia seguinte, no ano seguinte lá estavam com a mesma disponibilidade a ligar o disjuntor que punha em circulação a paixão pelas artes que abria as portas da Casa das Artes de Tavira enquanto Tavira crescia. Enquanto Tavira se transformava e a Casa das Artes era um dos seus discretos pilares.
 25 anos não são nada mas foram o tempo de a morte essa flor que só abre uma vez / Mas quando abre, nada abre com ela / abre sempre que quer, e fora de estação, retirar do nosso abraço, dos abraços que trocávamos à porta da Casa das Artes amigos que nos abandonaram, que foram para sempre subtraídos ao convívio para este ano se juntarem nesta exposição que os trás de volta, que lhes dá uma vida outra.
Não esquecemos as horas, não é possível esquecer o que com eles aqui vivemos. Ao fim da noite, noite dentro, iremos para a ponte que traça a fronteira dos rios Sécqua e Gilão. Sentados nos bancos de pedra erguemos os nossos copos às estrelas, pomos a vitrola a tocar que veinte y cinco anos no es nada y el mondo yira para nos sentirmos reflectidos no espelho de água da alegria onde se reflectem todas as exposições em que mostrávamos o que era importante, sem concessões às oscilações do gosto, às variações da moda, ao vazio da desorientação cultural que varre o nosso século. É nossa a voz rouca, riscada de Gardel, salva das renúncias e traições que a iam começar a lavar para a tornar aceitável no mercado dos sentimentos, no mercado em que tudo pode ser traficado real e virtualmente numa cultura de ecrã, em que a vida perde sentido e dignidade. Renúncias e traições que nunca fizemos, nem faremos, sempre na defesa da arte, sempre contra as traficâncias estéticas, as concessões ao gosto dominante, recusando-nos a ir ao mercado da hortaliça dos artistas de serviço às badaladas retóricas dos mercenários de uma arte desencantada florescendo num mundo sem pathos.
Erguemos os copos fazendo tilintar os cristais no brilho sonoro de uma fuga de Bach assinalando o lugar donde partimos e onde estamos, atentos à respiração do universo. Transcorridos 25 anos estamos aqui, continuamos aqui como quando Casa das Artes só havia uma, a de Tavira.

Manuel Augusto Araújo

Site OK

Site português: www.acasadasartes.com
Site inglês: www.acasadasartes.net.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Site em manutenção

Informamos que o nosso site encontra-se em manutenção e que esperamos que esteja novamente online brevemente. Esta manutenção prende-se com a actualização dos servidores e do domínio. Durante este período poderá recorrer à cópia do site em http://web.me.com/acasadasartes/Site/ACAT_Home.html, sem no entanto poder usufruir de toda a funcionalidade do site. Agradecemos a compreensão por este facto e peço desculpa pelo inconveniente causado.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Acerca da temporada 2010 que começa dia 12 consultar Região Sul (secção cultura), de 8 de Junho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

25 anos de obscuridade

No Sábado dia 12 de Junho arranca o programa do Verão 2010 com a exposição colectiva póstuma intitulada A «Casa habitada» com obras de João Hogan, Jorge Vieira, Catarina Baleiras, Vespeira, José Augusto, René Bertholo, José Lamas, Luís Ralha, Rogério Ribeiro, Roberto Barbosa, Miguel D’Alte, Bartolomeu dos Santos, João Vieira e Carlos Afonso Dias, com curadoria de Manuel Augusto Araújo.

Os suportes e as orientações plásticas são poli-valentes/mórficos, e constituem mais um índice da abertura a diferentes alternativas estéticas que a CAT tem, ao longo dos últimos 25 anos, vindo a consolidar. Sobre este índice da origem, das raízes, veja-se o texto de Manuel Augusto Araújo no catálogo, e nesta mesma publicação espreitam-se os índices do futuro, uma previsão do tempo que se avizinha - tempo plástico mas sempre poli-mórfico/valente, claro está -  nas palavras de Paula Ferro e Ilídio Salteiro.

Outros textos, depoimentos e imagens permeiam o catálogo, em si uma peça afirmativa desta acção colectiva, combinando futuro e passado, mas acerca destes índices e aonde levam, só o Eu os pode vislumbrar.

Como começa por nos dizer Manuel Augusto Araújo,
"25 anos não são” .....

domingo, 30 de maio de 2010

Casa das Artes de Tavira 2010 Online

O site da Casa das Artes foi actualizado com a programação do Verão de 2010, que marca 25 anos de actividade.